Casa-Negra
Que todos os dias são históricos, o tempo sabe e faz. Mas horas como as de hoje alongam-se em espirais que nem mais se sabe...Barack Obama; primeiro presidente negro norte-americano. No Brasil falar disso talvez seja preconceito, afinal os preconceitos de cá são mais de classe e menos étnicos. Mas como os pobres em seu quase todo formam forma de muitos escravos...Ex-cravos ainda cravados em problemas, alijados de suas questões. Mas o assunto hoje é: Obama.
Em começos dos anos 2000 a odisséia de candangos cobrando de volta o que é seu de fato: Brasília. No calor, no calo, pisado, suado, o choro-chorado da gente estava lá: pés descalços afoitos foiçando dias no alívio dos impróprios pés-no-lago. Pés da gente! Rockfeller mal podia arregalar-se, tinhamos agora-ontem um presidente nordestino, mecãnico, aleijado de ciências e possível ciente de si: era por nós. Mas não era deles, sobre eles, meu pretenso falar? Contando, explico.
No domingo da final-primeira vitória de Lula, estive-estou eu na praia: as bandeiras enrolando lágrimas e as lágrimas hasteando cores: sangue e areia. Nunca antes aconteceu em minhas retinas o povo comemorando algo nem sequer futebol; uma desvivencia onde vida transbordava. O tempo das mudanças não desalcança o tempo. O tempo não é talhado, mas sim tempo um esse sendo outro. Tempo re-evoluindo. Suprimido para junto comemorado: tempo de prazeres. Lembro-sei que sentia o que agora sinto.O povo num sentido, tendo sentido algo não tão racional. O sentido é fluxo de esperança, o esperar fazendo para mais esperar e ir fazendo mais. O mesmo sentido que ali alcançava o povo brasileiro alcançaram os hermanos, bolivianos. Eva e Evo, paraíso possível sem a culpa de Adão. O Éden tardio passou de caravela por aqui, mas se foi...
E o que foi que teve a ver isso com Obama? Já contei, mas ainda não expliquei.
Multidões não de Rockfellers ou de mini-Bush's, mas de Jimmy Hendrix's, nunca de Ronalds, mas de Bob Dylans, as Janis Joplins todas e também os Kerouacs e Londons, todos os Jack's, sabem-sentem agora, no agorinha o mesmo sentido antes aquele de cá. Que o sintam também os de Cuba que já foi até paraíso, que sintam ali-e-alá os do Oriente,Médio, esquerdo, inteiro. Que as havenças desajam as descorduras e a vida seja belo e límpido concerto. Que se Concerte. Afinal, a esperança só é a última que morre por ser-se uma primeira a nascer...
5.11.08
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Um comentário:
o dia que a história se fez pra sempre. Até as vacas com tetas pingando voaram. Desfez-se das pontes e dos hífens, ficamos no mesmo lugar, antes das palavras. O coração como flecha.
Fiquei com uma vontade envergonhada de chorar ante a capa do jornal de hoje. Devo tá ficando idiota mesmo ou, sei lá, os hífens estão caindo.
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