Sentia e sentia um certo medo. Incerto. Certezas estão até nas dúvidas. Ter certeza é também duvidar. Duvido de coisas pensadas-possíveis e acredito no que escolhi. Sentir. Mas isso, no depois de atravessar o medo. Ponte perigosa que não tem o final? Tem sim. O fim do medo, a pontinha derradeira dele é a alegria.
O tudo contra-dizendo o nada... E a gente lá no meio. Com medo?
Medo é aquilo que nubla nosso olhar para o sentir, para escondê-lo, não de nós, mas do alheio que pode fazer nuvem tornar-se chuva. E esturricar o que foi de véspera plantado...
Mas o sentir, eis que lá está; guardadinho. Colhido e crescido pelo orvalho de questões.
Medo também se contra-diz.
Temi em ameaças quando ela queria dizer algo. Dizia temer o que ia pronunciar, mas queria. A linguagem é a artéria vital do coração. Amor, assim amado no a dois de cada um, existe, como coisa manifesta, é na palavra: pensa-se linguagem. Letrinhas que aproximam o um de si e o si de outro um.
Na palavra, pensada-sentida-dita, eu, eu, eu, somente eu ali, sei que ouvi porque guardei e sei que posso reproduzir a soltura de relógios, travesseiro, corpo e mundo que ontem aprendi. Dizer eu nada disse. Apenas com medo ouvi; com medo de sentir, mas de peito liberto pelo verbo:
Pode alguém ouvir de outros lábios aquilo mesmo que sente? Pode um sentir repetir-se no outro que passa a ser um si mesmo?
Com a leveza de pés descalços na grama fresca, brotaram em meu coração novos dizeres-escutados. E a água-da-palavra regou meu chão, tão já quebrado de securas e simpleszinho: - É que eu amo você.
9.4.08
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