9.1.09

Eu sou rio: eu sorrio.
Sorriso labial da terra que acolhe-empurra água.
Gargalhada Fluvial.
A alegria aquática que engravida chão e desagrava pedras: redondinhas...
Docura criativa e violenta:o homem feito do barro e o rio...também!
Água modelante que não me arrasta em homem, mas leva em curso os olhos.
Fluxo marrom.
Atravessar uma margem é experiência que faz galalão menino, humano.
Andar reto é ir contra, a seguir o curso é ir-se contra.
Homens de boa esperança, atravessemos diagonalmente: caminho dele e nosso.
O barro feito homem, pau e pedra pontuando frase, o susto de um só ser tudo e o rio-rio-rio:
Eu sou rio
Sôrrio

6.1.09

Ser mineiro é estar no gosto do queijo: buraquim cavado pra dentro, saído pra fora. É dar bom dia com os olhos, retribuído em palavras alheias. É dar um oi inconpreensível pra qualquer iluminista que fala sobre luzes, mas é escuro e abobado. Oi é só sentido. É atravessar com gosto de meniniçe o curso de um rio descendo diagonal e não indo contra: travessia-travessura. Ser mineiro é nem ser-a-si mineiro: Olhos e peito dissolvidos, espalhados, Minas é que nos é. As Minas são Gerais.

3.1.09

Boa Esperança
Moro numa casinha de telhas
sem forro pra sonhos,
janela pra dentro das flores,
de fora de quem vê tv.

Moro numa casinha sonhada:
cairós, bem caiada
sem relógio ou pc.

Tem quintal, café-com-bolo
gente amiga fazendo a refeição.
Numa conversa infinitade vinho, palavra, paixão.

Moro numa casinha molhada
de rio que corre a estrada
dos olhos que pulsam
o meu coração.