27.12.08

Pó de tempo!
Pode o tempo contar cores?
Arco-íris são farelos de menino inteiro.

23.12.08

A estratégia do sonho

Dormindo, acordei com meus sonhos:
Acordado, estarei em sonho.

21.12.08

Ian ( m)


Transmissão:
Ouça o silêncio dos meus dezesseis anos
pulsando continuo, extendendo
minhas mãos, continuação
do coração que aperta
qualquer mão.

Se o amor nos destrói,
novos olhos constróem.
Olho com amor e sem saudade
o Curtis fúnebre;
Da corda tombado ao sub-chão,
pois ele me-sou.

Ian Curtis, brasileiro, 16 anos: I am.

20.12.08

Elegia a Ulpiano


O Espinoza que me é tem raiz, tronco forte e frutos.
homens em curso deságuam rios.

18.12.08

O tempo não é esse de fora, mas sim aquele que transpassa o homem em sentidos. Cientistas cronometram beijos, abraços de amigos, conversas bonitas e livros que invertem a rotação e a translação: humanos não.
Tempo talvez seja o cairós, que joga conosco, joga bonito sem suar e sem perguntar quanto falta pra acabar; a aula, o filme, o sorriso, o jogo, a vida...Um tempo Histórico fundado na alegria, naquilo que nos leva, limitados, ao ilimitado. A História como Questão, poética, trazendo o tempo para nossas experiências. Tempo presente, mas não aquele que nos faz e sim o tempo que nós fazemos.
É com pontos internos que costurar se faz para fora...

15.12.08

Se a arte também cria o social e é linguagem, porque não criar o homem? Se apenas o social criasse arte, teriamos sonhos ditados em cartilhas de caligrafia para aprumar o jeito. Mas se o humano que nos é pode ser abertura, cor branca que forma formas, pela arte, linguagem não do homem, mas do humano, cria-se também um povo. Sim: é preciso também crer. Que as palavras tenham força, afinal, ou melhor, inicialmente, quanto mais bonita e possível de coisas é nossa linguagem, mais podemos explodir arco-íris mil de atitudes. Pensamos com palavra, pensamos formando linguagem. Quanto mais ampla a linguagem, mais possíveis pensamentos e atitudes.
A homem que cria a arte, é criado-e-feito humano.
Elegia a François Trouffaut e Antoine Donel


Trouffaut e Antoine:
Agora somos três.

13.12.08

Com o corpo sem lugar
atei-me ao vento.
Sem ato, invento
corpo num lugar,
convento.
Confrades na simplicidade
de abrir portas em olhos.
Sem o corpo, invento:
Meu lugar é vento.

9.12.08

Nascimento

Era uma vez, sem vez nenhuma...
Um mito, em seu nascimento.
Fez um "L" dobrando esquina-de-pó-chã.
Entrou, deságuou, tirou sulco da terra
cavando pra dentro em " N",
Depois sentou na curva,
violão acontecendo e o rosto de quem não tivesse aprontado nada.
Pronto: Milton.

4.12.08

O menino que via frutos cadentes:

I-De noite, são música as estrelinhas que brilham no céu do meu quarto.
Entrelinhas, a mudez do fruto range verde na mesa.

II-Estrelinha, na entrelinha de si apostrofou-se:deitada sobre a mesa,brilhou amarela em reflexo dental o caldo de abacaxi, a estrela da terra.Estrelas tem semente, abacaxis, usam luneta....




III-De magia, dança e criança o poeta entende; ou melhor: confunde.
Criança girando ciranda ensina adulto a ser adultinho, na gangorra entre passado e futuro.
Criança não conhece o saber, daí amansa estrelas rangentes no colo e colhe os frutos do espaço: na dança...
Por uma História Utópica


O único sentido possível para a História é in-verso. Cientistas saem do presente rumo ao passado e não voltam. Queremos partir do passado e rumar ao futuro. Feitio de rio que com a violência de seu curso arrasta pau e mato e arredonda pedregulho de duras pontas. Importa é compor com as forças movidas pulsantes pelo histórico, forças que já não tem data e por isso preenchem o pulso e soltam a voz, viva, presente. Histórico não é o fato, feito, mas sim o acontecimento, que hoje ainda é, porque mais do que coisa dita e feita é possibilidade. Importa é arrastar o sentido pro agora: por ainda ser sentido. Não idéia, nem razão. Somos do interior do mato; caatinga e roçado. O eu que nos é tem fé cega e faca amolada. Razão não contém nem ciência está contida: somos Brasil, a luz do possível que se sonha apagada: pés no chão e cabeças em sonho.
Sonho não esbarra em tempo.
Ciência não sopra cata-vento.
O único sentido possível para a História é o inverso. Sair do possível...com o impossível. Tomar as rédeas da razão pelo sensível, pois é este o sentido, a sentir-se de um povo:
Apostamos tudo na utopia.
O Glauber que me é:

.Quando o samba, a macumba e bola forem o plano, o planalto, em vez de alto, será tumba.

Somos é a civilização da bola: o devir do gol por vir que não se sabe se vem, mas é esperado e gritado com catarses ritmicas que parecem palavras: dias chutados pra frente!

2.12.08

XII-

O som, vindo viajado, lido e feito interior,
não é regional.
Interior, de terra, é solo firme pra
coração pulsar
e pra ciência dura das coisas simples
esbarrar.
O som, de dentro, é o dentro
que abre o fora.
Pouca razão e nenhuma quase ciência.
O afeto do pé-no-chão.
Amigo, musicando um abraço-irmão.
O som de dentro me compõe em sinfonia:
Samba em prelúdio, futuro em nostalgia.
Longe da harmonia dos infernos,
descivilizaremos....
XII-

1.12.08

Estrelinha, na entrelinha de si apostrofou-se:
deitada sobre a mesa,
brilhou amarela em reflexo dental o caldo de abacaxi, a estrela da terra.
Estrelas tem semente, abacaxis, usam luneta....