24.9.06

1982




Dizem que a história é sempre contada pelos vencedores
Creio não ser esta uma verdade completa
Embora também não seja algo para se jogar fora.

Contam que ele era ranzinza, porém em sua equipe
Não se via nada de cinza, pelo contrário:
Para o mestre com carinho
Desfilava soberba em campo
A seleção canarinho
Que comandada pela crista do galinho
Assombrava o mundo,
sem parcimônia
Abrindo caminho

Pois ali estavam então;
Milhões em ação, atônitos
Diante da tv
Vendo a máquina dos sonhos
Criada por Telê

Contudo,inclusive com as lágrimas do menino que
Mais parece acordar assustado de um pesadelo,
o sonho acabou
Muitos acham até hoje que isto não está direito
Acontece que na vida nada pode ser perfeito.
Nunca poderá, um ser ou uma seleção, alcançar
A perfeição
Porque uma vez isso feito, o perfeito pode perder o direito
De ser sonho, tornando-se
Chão.

Dizem que a história é sempre contada pelos vencedores...
Mas quem disse que não?

10.9.06

Bola quadrada
A seleção Brasileira chegou a esta Copa do Mundo tendo voltados para si todos os holofotes. Sim. Sabemos que, de certa forma, a seleção está sempre cotada como uma das favoritas em todos os torneios que dispute. O problema é que dessa vez a coisa é um pouco diferente. Tem-se a expectativa de uma participação com atuações comparáveis às de 1982 e até mesmo com as de 1970, uma vez que a imprensa não se cansa de comparar Ronaldinho Gaúcho a ninguém menos que Pelé, fato inédito. Pelo menos aqui no Brasil, porque num país vizinho nosso há gente que jura conhecer alguém melhor.
Acontece que a nossa bola não anda rolando tão rendonda assim. Para a maioria dos 180 milhões de torcedores, a culpa das fracas atuações nos dois primeiros jogos não é dos jogadores. O problema está naquele que, segundo suas próprias palavras, está ali para facilitar as coisas: Carlos Alberto Parreira.
Num dia desses, estava eu a conversar com um amigo que tem uma teoria um tanto quanto curiosa; Para ele, o treinador da nossa seleção possui uma identidade secreta. Seria ele nada mais nada menos do que o Kiko, aquele mesmo do seriado mexicano Chaves!! Questionado sob qual motivo de tal desconfiança tão pitoresca, meu sábio amigo lembrou-me de que o presente que o Kiko vive esperando trata-se de...uma bola quadrada!! Eureca! Seria portanto esse o motivo da até então frustração causada pelo mais-que-esperado "Quadrado Mágico"?
Lá no alto, no céu, escrevendo em cima de uma nuvem daquelas dignas da Renascença, o grande historiador Sérgio Buarque de Holanda me manda um recado por meio de um pombo- correio dizendo que não é isso. Para Sérgio, o problema nada mais é do que uma antiga herança cultural. Segundo ele, haveria desde as fundações do Novo Mundo uma diferença central entre a América Espanhola e a América Lusitana, resultante de traços da fisionomia espiritual dos dois povos europeus: A tendência ao realismo português, em contaposição ao imaginativo espanhol.
Como um atacante que "bate com as duas pernas", encontrava-me ao telefone enquanto escrevia essas últimas linhas. Comunicando ao meu interlocutor em quê me ocupo, deu-me duas pistas este grande amigo - meu e do futebol arte. Lembrou o velho camarada Jorge que Ronaldinho Gaúcho, o jogador mais fantástico do mundo, joga justamente na Espanha, e que Parreira é um sobrenome de origem...portuguesa!! Eureca de novo; " tabelando " com Jorge, Sérgio diz; " Retire-se tudo que há de grandioso num espanhol e resultará daí um português". Pois é... Agora já não me sinto mais tão surpreso por nosso " melhor do mundo " não estar bem.
Por outro lado, é curiosso - mas não novidade - que Parreira, como bom teimoso que é, não tenha escutado aquilo que já diziam no século XVI os navegadores portugueses: " A experiência é madre das coisas". Também é possível que sua insistência em não mexer no time tenha relação com outro ditado: " Todo ponto de vista é a vista de um ponto". Do ponto onde Parreira vê as coisas, quem nos garante que não estamos errando de quadrado? Dida, Lúcio, Juan e Emerson. Eis aí seu " Quadrado Ascético"!! Disciplinado, trabalhador e eficiente, quem pode negar que esse seja um autênticco quadrado português? Até porque, quando a bola vem pelo alto, o que não falta na defesa brasileira são " pés no chão".