10.9.06

Bola quadrada
A seleção Brasileira chegou a esta Copa do Mundo tendo voltados para si todos os holofotes. Sim. Sabemos que, de certa forma, a seleção está sempre cotada como uma das favoritas em todos os torneios que dispute. O problema é que dessa vez a coisa é um pouco diferente. Tem-se a expectativa de uma participação com atuações comparáveis às de 1982 e até mesmo com as de 1970, uma vez que a imprensa não se cansa de comparar Ronaldinho Gaúcho a ninguém menos que Pelé, fato inédito. Pelo menos aqui no Brasil, porque num país vizinho nosso há gente que jura conhecer alguém melhor.
Acontece que a nossa bola não anda rolando tão rendonda assim. Para a maioria dos 180 milhões de torcedores, a culpa das fracas atuações nos dois primeiros jogos não é dos jogadores. O problema está naquele que, segundo suas próprias palavras, está ali para facilitar as coisas: Carlos Alberto Parreira.
Num dia desses, estava eu a conversar com um amigo que tem uma teoria um tanto quanto curiosa; Para ele, o treinador da nossa seleção possui uma identidade secreta. Seria ele nada mais nada menos do que o Kiko, aquele mesmo do seriado mexicano Chaves!! Questionado sob qual motivo de tal desconfiança tão pitoresca, meu sábio amigo lembrou-me de que o presente que o Kiko vive esperando trata-se de...uma bola quadrada!! Eureca! Seria portanto esse o motivo da até então frustração causada pelo mais-que-esperado "Quadrado Mágico"?
Lá no alto, no céu, escrevendo em cima de uma nuvem daquelas dignas da Renascença, o grande historiador Sérgio Buarque de Holanda me manda um recado por meio de um pombo- correio dizendo que não é isso. Para Sérgio, o problema nada mais é do que uma antiga herança cultural. Segundo ele, haveria desde as fundações do Novo Mundo uma diferença central entre a América Espanhola e a América Lusitana, resultante de traços da fisionomia espiritual dos dois povos europeus: A tendência ao realismo português, em contaposição ao imaginativo espanhol.
Como um atacante que "bate com as duas pernas", encontrava-me ao telefone enquanto escrevia essas últimas linhas. Comunicando ao meu interlocutor em quê me ocupo, deu-me duas pistas este grande amigo - meu e do futebol arte. Lembrou o velho camarada Jorge que Ronaldinho Gaúcho, o jogador mais fantástico do mundo, joga justamente na Espanha, e que Parreira é um sobrenome de origem...portuguesa!! Eureca de novo; " tabelando " com Jorge, Sérgio diz; " Retire-se tudo que há de grandioso num espanhol e resultará daí um português". Pois é... Agora já não me sinto mais tão surpreso por nosso " melhor do mundo " não estar bem.
Por outro lado, é curiosso - mas não novidade - que Parreira, como bom teimoso que é, não tenha escutado aquilo que já diziam no século XVI os navegadores portugueses: " A experiência é madre das coisas". Também é possível que sua insistência em não mexer no time tenha relação com outro ditado: " Todo ponto de vista é a vista de um ponto". Do ponto onde Parreira vê as coisas, quem nos garante que não estamos errando de quadrado? Dida, Lúcio, Juan e Emerson. Eis aí seu " Quadrado Ascético"!! Disciplinado, trabalhador e eficiente, quem pode negar que esse seja um autênticco quadrado português? Até porque, quando a bola vem pelo alto, o que não falta na defesa brasileira são " pés no chão".

Um comentário:

Adolpho Ferreira disse...

"Até porque, quando a bola vem pelo alto, o que não falta na defesa brasileira são " pés no chão"." hehehehee

um abraço