28.9.07

Bonecas Russas ( forma e conteúdo)


Bonecas
Russas;
uma menor
dentro de outra maior:
como saber quem será a última?

20.9.07

Pão-de-queijo, Roland Barthes, cachaça-de-alambique e Walter Benjamin.Dizem que conselho, se fosse bom vendiam. Talvez estes não entendam, não percebam que na etapa atual de desenvolvimento- arredondando muito- do capitalismo cá ocidental, estão em fragmentos tempo e experiência. Daí então o individualismo que faz um bem-intencionado conselho ser algo tão enxerido, externo á experiência alheia. Toda vez que folheio Grande Sertão: Veredas, sinto que o conselho, não mais possível para Benjamin pela individualidade das experiências, fruto dum tempo partido, desenvolve-se enquanto conselho não externo à experiência, mas sim para dentro. Isso possivelmente porque a linguagem de Guimarães Rosa não tem como ponto limítrofe problemas, coisas circunstanciais que são temporais e oxidantes. Como num temporal, a água da chuva passa, seca; a do rio, essa continua.
Rosa toca em Questões, maiúsculas sim, o que faz com que a linguagem seja Poética: a essência do agir contemplada; comtempl-ação. Então, ele, o narrador, o que age na narrativa, me transmite no romance rosiano experiências, processo similar ao conselho, por dentro; pela linguagem. Para Barthes, não se fala fora da linguagem. Entretanto, existe uma trapaça salutar: a Literatura, que consiste num " externo à linguagem" onde ocorre o que o intelectual francês chama de " Grau Zero da escrita": São todos os recursos, possibilidades da escrita.Turbilhão, força motriz, água da palavra; as vezes cristalina, as vezes turva, dependendo de quem beba. Ou seja, a Literatura é originária " fora da linguagem", mas isto é uma trapaça. Por que? Simples. A origem "fora" é ápenas para jogar-nos para "dentro"...Então, de certa maneira, pode-se dizer que pela linguagem rosiana são transmitidas experiências. A obra de arte, mesmo sem sua unicidade, sua função de culto, mesmo sem aura, ainda é capaz de transmitir. Basta tocar sua essência. Basta permitir que tal essencia lhe tome o pensar e o sentir, com dúvida e sabor; o beijo do dia e o tapa da noite: Quando na linguagem de uma obra de arte- existem livros que são- encontra-se as Questões, as que nos batem e beijam; Homem e Travessia.
L.L
19-09-07

19.9.07

Time operário


A técnica substitui a aura;
Sai tradição,
Entra consumação.
A técnica comanda o treino tático:
Tácitos jogadores, achando que vão
Marcar Zidane.
Mas a liberdade de jogar
Não vale pra ganhar.
A técnica substitui a arte;
Faz parte, diz o galã
Global
Que tem pilha duracel,
Fruto de incursão anal.
A técnica altera até
O esquema do carnaval
O jurado jura que não
Mas dá zero pra quem
Diz que foi só
Suor e emoção.
A técnica substitui
A técnica;
Morre o homem,
-Corta, cena 2;
E continuam
A produção....
19-09-07

A paixão pela palavra. Do verbo, nasceu e verteu o homem. pensar é um entender que sente. Mais palavras e mais pensamentos? Atitude e sentimento...latino, brasileiro, pensando pra dentro: mais palavra e mais sentimento: pensamento. Nas minas, de Potosí e das Gerais, estão o amigo, fortúito, atento: sentimento futuro dum passado presente: querente, do beijo do dia e do tapa da noite. Com o açoite de não mais palavras, fica, apenas, o velho-novo-latino sentimento.

18.9.07

Minas Gerais

Minas:
Confim mais profundoda palavra.
Presença,p'ra dentro.
Do Brasil?

Confim:
Confuso;
É latino?
Africano?Ou quem sabeUrano...

Pode ser que lá,
um dia,
eu fique encantado.
E no último instante,
o-de- a terra,
na pá
no peito,
nele, assim,
meu olhar
ainda-já quase verde
possa arar o
tempo-espaço
e fazer a travessia;

Ponta-de-areia
Caminho natural
da vida pr'a morte
e da morte pr'a vida.

Minas;
Coração-do-mundo
Cais;
tudo que
sempre quis:
Uma ponte para cada palavra;
Minas
Gerais.
Conversa com Luizinho


De um dia simples
Tirei uma lição;
No presente está
O futuro da nação.

De manhã, fui á igreja;
Sou americano e mineiro,
O dia inteiro.

Depois, o show no parque.
Sou americano e mineiro,
O dia inteiro.

E foi quando ela chegou;
Sorriso reluzindo dó-ré-mi-fá
Que assombra mais que um raio
De sol,
Ou mesmo o sol inteiro.
Sou americano e mineiro,
O dia inteiro.

Acontece que nasci em Niterói.
Sou brasileiro...

17.9.07

17-10-07



Portuguesa
com ares de
Norueguesa:
beleza traçada
com destreza.
Transformaste o
sempre igual
da aula e da rima
na alegria-triste
que com nada combina
do apenas olhar.

13.9.07

Homenagem dum certo " filósofo"...rsrsr

Lusitano. O nome denuncia; exilado em mundos que não mais anunciam a volta triunfante do rei cristão. Mas és forte, e organiza um exército vão, com pacotes de poesias debaixo do braço. Leonardo, nessas terras de gingas indecentes, aponta pra Minas como se diz "avante". E corre medroso, quixote às avessas, abrindo caminhos pra gente passar.
PROMOÇÃO:
Na compra de dois pacotes de medo,
juntando mais três nãos,
ganhe ou jogue fora um coração.
Amor é mesmo no a dois de cada um. Porque o amor indivíduo em si, que sai por aí pedindo para ser amor, não é. Amor que quer ser amor? Se não é então o amar ao outro, pode ser amar só, a si? No raso das coisas, no esperar o sinal verde para fazer a travessia da avenida, sim. Mas o chegar ao outro lado, o saber onde vai é via de mão dupla. Amor que vai e volta ainda ao ir: gostar é uma forma de morrer depois: no por-do-sol dos dias. Viver é belo e perigoso. Ser um a mais para o outro? Ter dois tempos que movem-se dentro de si.

10.9.07

Carrossel do sertão 10/09/07



Salve, deusa moderna, pós-moderna,
que perpassa tempos por fazer-se atemporal.
Bem-vinda ao Éden tardio.
Logo aqui? Nem deu no jornal...

Salve a laranja do Kubrick
Salve Holanda de 74, que até hoje
ninguém sabe como é que é:
Salve o Kaiser Beckembauer,
Zagallo, Geisel, as criancinhas e Pelé.

Salve a ponte Rio-Niterói,
a poça e o poço; bala-perdida
da Black 'n Decker que explodiu
meu vinil do Paco de Lucia.

Salve a Coluna Prestes; lombalgia
que faz com que minha coluna
não mais preste.

Felipe Camarão dando um Tostão
na coxa do Cryff;
Vovó comprô um apê na Avenida Sete
e as patricinhas desfilam na rua da moda;
Sete de Setembro alucinante que fura
meus olhos com tetas arrogantes.

Iohan Cryff foi campeão? Acho que não.
Moderna é a " mudernagem" castanha
dos meus olhos, que prefere o sertão
ao invés de holandês ou alemão;
Bebeto-e-romário alheia ao Bergkamp,
Branco-latino que solta bomba e chora,
Zico-Sócrates-cerezo-Falcão, que perde
da Itália, mas ganha da rudeza do primo
latino bem mais durão...
" leilão do canal 9"

A tv reproduz o quadro.
O quadro reproduz o artista.
O artista reproduz a tv:
Poesia e vasectomia.

9.9.07

Janela, Noite e rua



Noite

Escada colorida
medo e açoite
Que suspendem
A palavra.
Teu rosto em pedaços
Traços do que ainda
Pode ser.

Rua

E a boca tua;
Um samba tímido
E a verdade
Nua e crua.

Janela e noite

A víbora do medo em minhas veias
Seu veneno despraziu
E você quase partiu,
Eurídice descida ao
Hades
Mas há-de haver jeito
Para que o Quixote medroso,
Com seu pacote de poemas,
Dê adeus à sua elegia:
Timidez- a contradição
Que disse aos meus olhos
O caminho de suas mãos.

Janela, noite e rua:

Guarda-chuva colhendo sois
Pela cidade;
Felicidade.
Rio, 02/10/06

Máscara



Qual seria o limite entre
agonia e êxtase?
Quanto de elegia, de dor
pode ser sentido no amor?

É carnaval, tempo de ser
aquilo que sempre se acha
que nunca somos.

E quando do mergulho à fantasia
todos saem, com seus traços iluminados
pela luz negra do dia,
herméticos
exatos
e transmutados de alegria,
percebo que estão
sem dúvida alguma mascarados.

Máscara. Eis a persona-romana.
Escondes um amor, ilusão passageira
que finca raizes na fumaça
da quarta-feira.
Se tocas os lábios de alguém
não é tua boca que beija
o beijo beijado? Errado.
Ponho aqui então transcrita
a farsa do beijo mascarado:

Se cubro meu rosto, indisposto
a se mostrar, não sou eu quem
comete o crime do beijo roubado.

Se uma mão me agride a face e
ofereço-lhe a outra metade
não é em meu rosto que o
desgosto alheio bate.

Sentir dor e menos amor:
É esta a receita
do mascarado fingidor.
Niterói, 28 de Julho de 2007.



Três vezes você me negou
mas o galo, não cantou.
Três vezes o tempo passou
e você me negou.
Três vezes, o tempo negou
e você passou;
Assim acabou
aquilo que não começou.

6.9.07

Bar das mocinhas


Ontem me ocorreu algo curioso. Eis que recebo convite dum velho amigo para aquela gelada, regada a muito papo-musical; em especial a velha- bossa-nova. O Lugar escolhido foi um bar até bacana, situado entre outros dois ou três; espécie de " beco das garrafas niteroiense". Reúne os melhores filhos da cidade. E as melhores também...

Notei que algo ali estava estranho logo ao pedir a primeira cerva: os garçons- adolescentes com gel no cabelo que pareciam menos que iam trabalhar do que ir prum bar( e na verdade estavam num, mas não como clientes!) devam atenção exacerbada pras mocinhas serelepes. Enquanto os pobres dos bossanovistas tinham que segurar pelo braço o garçon, num quase implorar e ver o cabra depositar na mesa a cerveja e dois copos que, por molhados, estavam grudados, pras mocinhas eram distribuidas beijocas, além de acenderem cigarros na boca(!)e também correr solicitamente ao menor piscar-de-olhos.

Ciúme das mocinhas? De jeito-e-nem-maneira. O que está em jogo aqui é algo temerário, uma inversão de extremos, talvez; Se antes o bar era território essencialmente masculino, de uns tempos pra cá, vem sendo cada vez mais um espaço democrático. Sim, as mocinhas tem vez lá: não precisam mais correr o risco de ser mal faladas pelo simples ato vital de pedir uma mesa! Entretanto, parece que os mocinhos com gel que frequentam ( ops, trabalham) no lugar bacana estão revolucionando a história botequística: bar onde se trata mal homem.

Imagine o senhor leitor tendo que usar uma das famosas peruca's Lady para conseguir com mais rapidez uma bela porção de batata frita, ou no caso dum jovem- como os mocinhos- valer-se daquele blâsh que sua respeitável avó utiliza em suas escassas saídas de casa? Pois é... E o pior é que os mocinhos parecem estar lançando ( ou imitando) moda...

No futebol, a coisa também também está nesse pé; nós, homo sapiens, bebedores de cerveja e adoradores da deusa esférica, também estamos sendo maltratados ( veja só) nos estádios!! Sem bar nem futebol??

Me aventurei num medonho Flamengo x Náutico, onde 50 mil pessoas que talvez estivessem ali mais por terem sido maltratados em seus respectivos bares -porque pelo jogo em si, cidadão das coisas, definitivamente não era- uma pobrecoitadiçe sem fim: apenas 2 bilheterias abertas...

Conclusão; os mocinhos que dirigem o futebol estão indo mais longe. Tratam mal homens, mulheres e crianças. Sem contar no vovô que quer dividir momentos com o netinho. E olha que os moços não ganham nenhuma gorjeta não! Também já nem tem cabelo pra gel. Mas estão, indubitavelmente, formando um núcleo de maldades no bar bacana perto lá de casa.

Esses dias fiquei sabendo que na Inglaterra, clubes até da 5 divisão cobram pra lançar a scinzas dos torcedores em seus gramados. Já pensou se o povo aqui resolve juntar os trocados da gorjeta do boteco pra lançar ao vento as cinzas dos dirigentes do futebol carioca? Que não se esqueçam dos mocinhos...

4.9.07

Poema dum velho amigo: Lori Paz, ou: O Vina da martins Torres...


Cor


Lendo poemas...
Tantos me trazem tua lembrança
Teu sorriso
Ao ler palavras que trago em papel comum
Sorriso tímido, lateral
Que cresce e se torna suspiro
Guarda teus segredos
No interior do sorriso, do suspiro
Da gargalhada espontânea
Quando não pode, até
Da serenidade do olhar
Da fronte singular
Pura na essência
No momento imóvel
Cristalizado na minha lembrança
Fotografado
Que me tira da treva
Na hora atribulada
Cantarolando aquela música
Ou sussurrando aquelas palavras
Porque o que sinto tem cor
E tem cheiro, até
Mas não tem tamanho
Nem verbo
Que possa ser dito
E entendido
Nem posterior relato
Na vida de homem brotado dessa terra
E que nela há de repousar...

Não penso ser feliz
Se não tiver, a teu lado,
Hora pra lembrar
Cheiro pra sentir
Toque, calor
Nem há dia
De alvorada e crepúsculo
Que me distraio
Da tua lembrança
Do teu carinho
Da tua beleza.
Pétala- poética

Amor; após a Quarta essência da palavra,

A pétala é o que restou da flor.


Sintética, a pétala-poética,

Fração-fragmento de um sentimento,

Mostra o quão singela é a fragrância da dor.


Se de uma flor uma pétala é fragmento,

De uma vida, um dia é momento;


Longe do todo, água que rega os jardins do existir,

Vivo o agora:


Aprisionando-o entre os dedos para que

não escape nem um milésimo qualquer.

Bem- me - quer, mal- me - quer na roseira

Ao qual chamamos coração.
Pessoa ( ou pessoas)

Meu coração partiu-se como um vazo vazio.
Minh’alma vai excessivamente pro mar.
O vazo, então vazio, caiu n’água,
Fez-se mais pedaços do que havia louça.
O vazo, vazio, fez me heterônimos,
Multiplicou e dividiu,
Trouxe consigo seu espelho;
Agora contemplo minha imagem,
Vazia
Oferecida como consolo
Pela própria
Poesia.

Afobado e afogado,
Tento em vão juntar
Meus pedaços.

Com os cacos perdidos no mar,
Vejo em minh’alma
As velas vãs passar
E concluo então partido;
Cada vela
Passa num sentido.

1.9.07

Ode à Cordisburgo.


Quero a Cordisburgo
O difuso
Aquilo que está em toda parte
Sertão-mundo,
Mudo, destarte.

Eu quero, meu pai
A Cordisburgo;
Mineiridão
Mineiridade
Minha primeira idade, após
Na vida, ter já nela quase
Metade:

Longe do mar,
Sem mar.
Perto da vida,
A morte.
Diante da essência
Do agir
A secura e a água
Da palavra;
Verdade, travessia do Ser: tão...
Conjunto: Chaplin Barroco



Chaplin Barroco


Uma agulha de vudú
Espeta em inglês
O peito do velho Chaplin.
Mas ele sorri...


E após aberta a grande
Torneira fabril,
Moderna, eterna
E inútil,
Lágrimas correram
Pelo cano enferrujado.


Então Chaplin deduz:
Vou p’ra Minas, Senhor,
Quero a cruz.

Pregado, dor barroca
Em cada traço,
Um cartaz encima do palhaço diz:
Este morreu de paixão
Triste
Feliz.
Elegia do desespero( Despedida)
Quero um desespero. Não aquele que enlouquece, nem este que põe o coração na beira da prateleira, prestesa estar caído e partido.Quero o des-esperar. Soluço que alivia após um golebem forte, tomado de supetão; Água que é sempre nova, e nunca repousa entre os dedos; elegia. Caso prefira, dor-de-mundo-mesmo. Por isso, quero antes um desespero. Desesperar teu olhar. Desesperar tuas mãos. Desesperar do caminho surdo e vazio que faço em procissão, sozinho em meio à multidão para chegar onde você quase nunca está. Quase nunca. Porque caminhei transeúnte pelo centro da cidade em pleno fim de tarde, como quem volta da escuridão, do vazio, rumo ao que pode ser mas no fim das contas nunca é; sim, quero, com medo, assumo, derreter o gelo de tuas mãos, mas não é o gelo que me esfria e sim a possibilidade fatídica de atravessar as esquinas tortas do temor e não encontrá-la do outro lado. Avenida da vida cujo sinal anda fechado. Por isso, quero calma e desespero: Com a doçura de quem aprendeu que o futuro já chegou no exato instante em que queremos ter um outro presente,digo adeus; E desespero-te.
Por que o manto é sagrado?
E no princípio era o caos. Mas no antes de ser, o preto tudo já era.Certo mestre disse que o Fla-Flu adiantou-se ao princípio. Mas para tê-lo, era preciso jogadores e times. Como o caos branco e calmo certamente não pode ser, quero que seja vermelho. E também preto. Minhas origens. Como não nascer rubro-negro em anos onde havia dias com horas em que minutos transformam-se num grito uníssono, fração de segundo que leva aos céus um anel com nome de pássaro? Zico! Diziam na voz, ainda dizem no coração os que professam a mesma religião clubística.E o caos ultrapasou o começo. E o começo, achando-se senhor do tempo, sobreviveu para levar um drible do Júnior, uma cabeçada do Nunes, ou mesmo um elástico do Romário. Porém, cansado de lutar contra seu próprio destino, o começo começou a ter time. A torcer; A Nação é apenas o começo da torcida. Mas...camisa ganha mesmo jogo? Torcida? Mandinga? Seleções inteiras de porquês fazem gol? E explicação, ganha título? Contudo, vamos lá;Antes do caos, Flamengo. Junto do antes, o manto. Sagrado? Sim, pois existe antes do que foi criado. Então, se Deus criou com o verbo o que existe e, sempre foi o mesmo Deus, junto com o que nunca de um começo precisou, seguramente também foi ele quem primeiro disse:"Uma vez Flamengo, sempre Flamengo".