9.9.07

Rio, 02/10/06

Máscara



Qual seria o limite entre
agonia e êxtase?
Quanto de elegia, de dor
pode ser sentido no amor?

É carnaval, tempo de ser
aquilo que sempre se acha
que nunca somos.

E quando do mergulho à fantasia
todos saem, com seus traços iluminados
pela luz negra do dia,
herméticos
exatos
e transmutados de alegria,
percebo que estão
sem dúvida alguma mascarados.

Máscara. Eis a persona-romana.
Escondes um amor, ilusão passageira
que finca raizes na fumaça
da quarta-feira.
Se tocas os lábios de alguém
não é tua boca que beija
o beijo beijado? Errado.
Ponho aqui então transcrita
a farsa do beijo mascarado:

Se cubro meu rosto, indisposto
a se mostrar, não sou eu quem
comete o crime do beijo roubado.

Se uma mão me agride a face e
ofereço-lhe a outra metade
não é em meu rosto que o
desgosto alheio bate.

Sentir dor e menos amor:
É esta a receita
do mascarado fingidor.

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