1.9.07

Elegia do desespero( Despedida)
Quero um desespero. Não aquele que enlouquece, nem este que põe o coração na beira da prateleira, prestesa estar caído e partido.Quero o des-esperar. Soluço que alivia após um golebem forte, tomado de supetão; Água que é sempre nova, e nunca repousa entre os dedos; elegia. Caso prefira, dor-de-mundo-mesmo. Por isso, quero antes um desespero. Desesperar teu olhar. Desesperar tuas mãos. Desesperar do caminho surdo e vazio que faço em procissão, sozinho em meio à multidão para chegar onde você quase nunca está. Quase nunca. Porque caminhei transeúnte pelo centro da cidade em pleno fim de tarde, como quem volta da escuridão, do vazio, rumo ao que pode ser mas no fim das contas nunca é; sim, quero, com medo, assumo, derreter o gelo de tuas mãos, mas não é o gelo que me esfria e sim a possibilidade fatídica de atravessar as esquinas tortas do temor e não encontrá-la do outro lado. Avenida da vida cujo sinal anda fechado. Por isso, quero calma e desespero: Com a doçura de quem aprendeu que o futuro já chegou no exato instante em que queremos ter um outro presente,digo adeus; E desespero-te.

Nenhum comentário: