3.12.07

Todas as piadas são possíveis na trágedia de cada dia. Eu por exemplo me dedico ao exercício vão da poesia. Poesia-política? Revolução pela palavra ou palavra pela Revolução?? A dúvida e a tentação de Paulo, o poeta. Apóstolo, arauto da fé que as vezes é fraca diante do diabo cujas medalhas brilham no Eldorado cuspindo dollars ácidos e bélicos calles a dentro. Fraco o homem e não o Deus. Fé é mais básico que base popular. A base da fé. organiza-se quem acredita. Em político? Vieira-Lewgoy não salvaria nem Niterói! Organiza-se quem luta hoje e agora contra o demônio da mudez: a altivez do indivíduo american way of life, orgulhoso de achar que é um, mas que multiplica-se vitrines shoppings afora. Organiza-se quem tem orgãos: pulmões para berrar em stereo sound nas tão altas e decibeis cifras sonoras que o controle da tv que tudo vê torna-se mudo. Palavra rompante só na consciência, mas junta no abraço fraterno, e em idéias em comum. Organiza-se quem além dos ouvidos tem nos olhos o temor, o temor pela cruz falsa-e-porfírica onde o filho por tempos imemoriais não esteve. Olhos que sabem olhar e dizer que a morte é o atestado da vida: morrer pode ser o ter vivido com dignidade, sem aceitar a injustiça de um-algum-alguém ter mais e achar-se melhor. Morrer pode sim significar: ter vivido!Todas as piadas são possíveis na tragédia de cada dia. Eu, por exemplo, faço elegias pro vento. Transformo amor-abraço-curto-pra-não-sufocar em espera messiânica. Sou egoísta na mesquinharia do peito explodindo porque candidato a mestrando não da-se ao luxo de sair de casa nem pra comprar pão e ver que um líder,político, sindical, ou de bairro representa com possibilidades o povo. Mas não é o povo. O povo anda com fome- quando aguenta andar. E tem pressa: ao invés de orgãos, tem pernas pro tempo voar e a comida chegar pela minha esmola. Mas eu, quase-doutor, não saio de casa. Escrevo coisas secas no computador. Dor.Todas as piadas são possíveis na tragédia de cada dia. E de noite, ainda por cima, me acho com direitos de não conseguir dormir...

3 comentários:

Hidalgo disse...

Há um Paulo Martins em cada pulso vivo apontando para o horizonte infinito... sem promessas de chegada!

Leonardo Lusitano disse...

Paulo não queria chegar, ams sim sempre partir: travessia, meu caro!!!

Anônimo disse...

Olá, Leonardo Lusitano

Gostei do teu nome. Gostei também dos teus textos. Muito bons. Irei entrar outras vezes, outras tantas.
Bom falar assim: de poeta para poeta. Continue, você tem estrada. E estrela.
Um abraço,
Maria Helena Latini