8.1.10

Sarah: O que prova sua morte?

Paulo: O triunfo da beleza e da justiça!

Final e começo de Terra em Transe

Muitos dizem que vivemos numa era Pós-Moderna, pela mudança de estruturas fixas na política, nas relações sociais, nas comunicações e formas de produzir e circular conhecimentos...A crítica a um certo niilismo talvez esteja ancorada em uma visão conceitual da realidade, onde sempre se fala de fora, sobre algo.

Acontece que agora, o muro que nos separa das coisas tem só escombros. A dificuldade então consiste em como nos movermos sem esses conceitos estruturantes: casamento não é mais pela vida necessariamente pela vida toda. E quando é...Como então amar?? Como amar dá conta da forma, do como. Mas e o amor? É questionado? Seria ele algo meramene sentimental, passível de rompantes de crise? O problema aí talvez passe por nossa inaptidão para movimentarmo-nos sem setas morais indicando caminhos. Essa é uma novidade que o século XXI traz: Aprender a lidar com questões que perderam a ferrugem moral, dogmática e conceitual, sem no entanto afundar em abismos a cada esquina. A fenda caótica abriu-se! Mas como deixar de escorregar no chão de gelo? Dançando no caos! Com música! Em concerto: A pergunta não quer resposta: quer pergunta.

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A insuficiência do par ser/não ser vivida tragicamente por Hamlet, nos abre, por exemplo, a possibilidade de experienciar a insuficiência de explicações para tudo. Mas essa não é uma questão Pós-Moderna? Não. A realidade sempre foi a mesma; mudam as tentativas de se escrever cartas em braile com certezas cegas ao tentar capturar o real com conceitos, moralidades, verdades científicas neutras...

Revi o Terra em Transe com um amigo brazileiro. O filme nos motivou a pensar o limite de aparências e explicações. O poeta Paulo Martins não quer a coerência de explicar-se politicamente. De apoiar o ditador Díaz ou o populista Vieira. Paulo, poeta, dá-se à tragédia de todo dia: o exercício vão da poesia. Sim: as explicações não dão conta do humano. Nunca deram. Acontece que se dar conta disso implica numa quebra dilacerante dos sentidos que atribuimos às nossas vidas! Caminhamos a passos trôpegos, com o peito recheado de cacos do que quebrou. Dos sentidos de nossa existência que racham: o trabalho agressivo. Os amores que morrem e matam. Os amigos apartados...

Talvez o que este século venha nos ensinar( no limiar da nova década de 10), o nosso destino, seja o aprender a caminhar num movimento, em concerto: perder pela estrada, no pó, na terra em transe, os cacos de sentidos estilhaçados- que guardados cortam o peito. Esse movimento de deixar sentidos-partidos, metal que se livra do peso de imãs, implica na construção e em ser poeticamente refeito por sentidos novos, abertos. É nisso que tanto relutamos: largar o que desabou, fere e corta, deixar de circular no mesmo eixo e nos re-integrarmos. Paradoxais, mas inteiros. Sem depender de condições ou atribuições...

O século XX expôs muito bem nossos demônios. Agora que convivemos com eles, é hora de tomarmos posse dos deuses que nos são...Ser Paulo Martins: aquele que não quer chegada e sim apenas partida!

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa, Lusi. Não ser chegada para driblar os cacos de chão que sobraram. Fazer do caco lençol que sangra e reclama vida. A dor sanea também, e as vezes faz dançar. "Para quem quer se soltar, invento o cais". Inventemos para não chafurdar neste niilismo brabo de época, nesse escárnio da juventude envelhecida, no tédio burguês de um domingo cinza. Inventemos a boa e velha esperança de quem não tem nada, só tem futuro! Viva Glauber, Darcy e Lusi!!!!!

Leonardo Lusitano disse...

Estamos juntos, homens de boa esperança...