10.3.10

Toda vez que amo, me sinto artista.
Toda vez que estou com meus amigos, sorrio artista.
Toda vez que vovó me fazia cafuné, eu era artista.

Quem me ensinou foi Chaplin: nos seis meses de greve da alfabetização, aprendi a ler na sua biografia, também repleta de figuras, magnéticas. Hoje agradeço pela escrita torta, pelas palavras vadias....um vagabundo! Se fosse formado, certamente não saberia que apenas os vagabundos vivem para o mundo...

Toda vez que vejo Chaplin, intuo viver arte. Intuo que fazer arte não é ter arcabouço teórico, erudição, técnicas mil nem nada disso...Quando vivemos questões ou quando elas nos vivem, a própria vida é arte. Errante, Chaplin caminha uma realidade onde nunca existem muros e sim somente o convite à estrada. Sorrindo...

Arte é vagabundear a vida. Sem função nem objetivos. Gastar o sapato e girar a bengala sorrindo: quando a dor te procurar. Agora posso dizer por aí que sou artista, pois ninguém poderá avaliar minha obra. NEm mesmo após a morte, pois a estrada não tem chegada alguma.

Mas, afinal, o que então somos? Arte ou artistas?

Se o mundo for feito de encantadores, o céu tem que desabar na Terra.
Se o mundo for feito de encantados, é a Terra que tem que desabar no céu.
Encantados e encantadores; arte e artistas; sorrimos caminhada nossa. De cada um.

Nenhum comentário: