20.4.08

Textamento

( sobre a textura das coisas)



Quero ter cuidado com as palavras. não o cuidado do medo, mas o cuidado de quem cuida.

Espero um dia- e para esperar, vou vivendo- falar menos de mim.
uma espera por nada, felicidade apenas em si e por si mesma.
Espero deixar por aí, o eu cartesiano, individuo que se nunca é um só, que seja e esteja então...
em tudo.
Espero ser o cão que late, mas não morde

Espero ser a árvore, que purifica o ar sem saber e por não saber

Espero ser brisa que bate igual
a dor, que pulsa e destroi,

mas se espero, ela resignada e cheia de si mesma logo aceita partir

Espero ser o mundo, para não mais saber que sendo eu, apenas eu, sou tão pouco

Entre o tudo e o nada, no meio do turbilhão que emudeceu sua voz, quero perder a minha, para ganhar a de todos.

Enquanto espero, vivo. Isso eu espero...

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