18.9.08

As vidas de Antônio e as mortes de Glauber

Ali onde eu chorei qualquer um chorava....O choque brutal de ver dois homens, sertanejos, esconjurados das profundezas da desvida e da desmorte, consubstanciados desolados estrangeiros diante de carros, onibus, estradas que abrem um abismo na presença errante da cada um. Para muitos, isto dá uma idéia das coisas. Idéia que se faz com razão-e-visão: críticas de arte, criticos de arte tentam contextualizar o mito. O mito para eles é Glauber, ao qual devem digníssimas reverências. Para Glauber, é possível que o mito fosse os confins da história sem-tempo em que nos enfiamos gingas e lágrimas adentro. a História não transforma-se em mito. Não porque as amarras externas do " quando descobriram o Brasil". Mas o mito, presencial naquele que não espera do tempo a falta constante de tempo, este é que pode ser História, povo, sangue e tempo. Tempo colado na retina que só é e não brinca de estéticas, analogias e nem alegorias: Ao mesmo tempo em que mata o cangaçeiro, Antonio das Mortes sabe-se igual em des-graças. Pelas mortes feitas, é que trata com Deus. Contra-dição? E o que diz a santa que pela boca de Antonio aceita estar próxima? É no pecado a chance de se salvar...É no Brasil a chance de Negantão deixar de ser lombo, para erguer-se príncipe Zulu. É no Brasil o professor-em-transe que tem força nas idéias e neblina nos punhos, sabido que Lampião vale mais que todo Império. É no Brasil que o homem errôneo percebe que sempre esteve do outro lado e aceita a condenação de não ter a vida que todos tem, esta de onde falo.
Também é no Brasil que gênios não são desvalorizados por simples questão de gosto, opção. Ao contrário: não dizem aos filhos de Narciso aquilo que lhes sequestra o paladar. Nossos mitos estão nas ruas, entre caminhões, avenidas e com a proteção de todos os santos. Mas os mitos deles, o mito feito Gláuber, o mito feito Rosa, estes são saudosos do desvalor: ininteligíveis!
Antônio das Mortes e professor ainda buscam nas ruas o que procurar. Estejamos com eles.

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