18.9.10

Belíssimo o Amadeus, de Milus Forman!

O filme narra como a obra opera em Wolfgang Amadeus Mozart e não como o autor explica a arte, ou como se costuma fazer, como a sociedade explica a arte....
Na sociologia de Norbert Elias Mozart depende materialmente das cortes austríacas e isso tem o peso de destruí-lo enquanto indivíduo. Sua música seria então produto de seu tempo: a sociedade cortesã do século XVIII e todo seu constrole.

Ocorre que a música em específico e arte, em geral, não são tributárias de tempos contados em espaços já estabelecidos. Música é o que instaura tempo e espaço, suspendendo-os sonoramente! Quantas notas cabem no tempo? Infinitas! Quantos tempos cabem nas notas? Todos possíveis imagináveis e ainda por serem criados...

É rompendo essa dicotomia que Forman sinfoniza uma bela obra, onde o drama de Mozart mais do que ser refém da sociedade de cortes é exatamente ele se colocar de forma anacrônica, atemporal, diante da relação com a Igreja, com o mecenato, com o Imperador...Mozart vivia em outra instância: como na cena onde seu pai e sua esposa discutem e ele simplesmente se fecha no quarto. Surge, miraculosamente aos nossos ouvidos a música que lhe sobrevém. É este seu tempo espaço: outra instãncia, a poética...

O jeito que vemos a composição das peças não tem centro algum no homem, no sujeito, e sim na música...Não há texto, fala...O que impera é a música: partituras perfeitas, sem cópia e escritas de uma vez só, sem correção. Pode o homem sozinho isso tudo? Gênio, menos do que quem dá é aquele que muito recebe...

É o inverso da cegueira de Salieri, que na película quer o dom de Mozart pra si e ao força-lo a compor rapidamente o Requiém, acaba por matá-lo: espécie subjetivada de Édipo que fura...os ouvidos!

Por isso, recomendo muito " Amadeus"!!

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